Do Carnaval à matança do porco

No Carnaval, havia as tradiçõezitas de se vestirem. Uma rapariga vestia-se de rapaz, um rapaz vestia-se de rapariga, assim umas coisas muito toscas. Também se matava um cabrito.

Durante as colheitas, havia as descamisadas, tirar a folha à espiga do milho. Juntávamo-nos à noite para ajudar. Um dia era para uns, outro dia era para outros. Quando qualquer pessoa encontrava um milho-rei, que é o milho preto, era uma alegria! Se fosse um rapaz, tinha ordem de abraçar as raparigas!

Também se fazia as matanças do porco. No dia da matança, chamava-se três homens, com o matador, quatro. Depois, dava-se o almoço aos homens. Um almoço bom com torresmos e outras coisas mais. À noite, nós, as mulheres, desmanchávamos o porco, lavavam-se as tripas e temperavam-se as carnes. Faziam-se as farinheiras, as morcelas, o chouriço de carne... Tudo ia para o fumeiro. Para dar para o ano todo, púnhamos no azeite. O lombo de porco, para não se comer assim à desgarrada, cortava-se às postas e punha-se numa panela com o azeite. Quando se queria uma postinha de lombo, ia-se buscar à panela e arranjava-se com uma batatinha frita e com uns ovos.

Também havia a sardinha, que se ia buscar aos mercados, a Côja e a Avô, a pé. E, pronto, vivia-se assim. Uns melhor, outros pior.