“As histórias do meu pai”

O meu pai sabia muitas histórias. Tantas, tantas! Toda a gente gostava de o ouvir. Ainda hoje são contadas as histórias dele.

Uma vez, andava um fogo muito grande naquele arrabalde da Fonte Raiz. Ele vinha de uma fazenda que nós tínhamos do outro lado da Moura. Chegou e sentou-se. Estava ali muita gente a ver, uns a acartarem a água, mas os outros a ver. E diz ele:

- “Esta gente anda toda maluca! Com um calor como está e acenderem umas fogueiras destas!”

Um dia, ele ia para a missa, para a capela. O padre, como sabia que ele era muito religioso, disse assim:

- “Ó, tio Alfredo, tem que comprar a bula.”

Uma bula era uns papéis que se compravam antigamente para se poder comer carne na Quaresma. Tínhamos que ter aqueles papéis. Ele vira-se para o senhor prior e diz assim:

- “Ó, senhor prior, então eu ainda lá tenho a do ano passado e ela está nova.”

Muito giro que era o meu pai!