“Ele apanhava-me de descuido”

Comecei a namorar tinha aí se calhar 19 anos. Foi depois de servir. Estava lá, casei-me lá.

Conheci o meu marido cá. Conhecia-o de miúda, de pequeno assim da escola. Ele andava na escola também, mas era mais velho, andava mais adiantado, era mais inteligente que eu. Depois andava na tropa. Pediu-me em namoro, vinha eu de cima da fazenda, da quinta que tem uma casa grande, ao pé do cemitério. Eu vinha de lá e ele vinha em baixo, apanhou-me e foi ali que ele me pediu em namoro. Eu disse que não mandava, que os meus irmãos é que mandavam. Os meus pais já tinham morrido. Ele depois foi falar com o mais velho e o meu irmão disse que sim.

Namorei com o meu marido dois anos antes de casar. O namoro era às fugidas. Mas não havia beijos como agora. Eu estava a engomar numa casa que tinha ao lado da senhora onde estive a trabalhar e ele ia para lá ver-me. Estava engomar e a falar, a namorar, pronto. Ele, às vezes, lá ia numa escapada com um beijo, mas eu fugia sempre. É assim. A gente não era como agora. Ele apanhava-me de descuido e pronto. À outra casa não ia. Ia ali porque eu estava lá a engomar. Depois ele andava na tropa, também cá não estava. Foi para Lisboa e escrevia. Foi tratar do casamento e vir para se casar.