“Dançavam ao toque da filarmónica”

O principal santo de Monte Frio é o Milagroso Bom Jesus. Mas tem também a Senhora de Fátima. Faziam-se as festas. Este ano não se fez nada disso. No próximo parece que há três pessoas que vão fazer a festa como era antigamente, com música, procissão e todas as coisas. Antigamente, era todos os anos sempre no dia 6 e 7 de Agosto, fosse quando calhasse. Depois começaram a fazer ao sábado e domingo. Era o primeiro sábado de Agosto e por vezes era só ao segundo sábado. Por exemplo, se o sábado fosse o dia 1, 2 ou 3 ficava para o sábado seguinte.

Vinha a Filarmónica de Avô. Esteve muitos anos aqui a fazer a festa. Depois saía a procissão. Vinha dar a volta ao largo e voltava para baixo para a capela. A procissão era no sábado. Na festa dançavam aí bastante. Todos os anos eram nomeados dois mordomos para organizar a festa. Eu fui mordomo da festa dois anos, praticamente até fui 3 anos, em 1959. Depois mais tarde houve duas senhoras que não estavam cá. Estavam em Lisboa mas que recusaram-se a ser mordomas. Então, fez-se uma comissão. Aqui eram 13 os que moravam em Monte Frio. Em Lisboa era eu e mais dois a fazer o peditório. Então fomos mordomos esse ano também. Antigamente havia muita gente de Monte Frio em Lisboa. Quando eram as festas, em Agosto, tinha dias que vinham camionetas cheias de gente. Naquele tempo vinham no comboio para Santa Comba. Aos domingos as carreiras saiam de lá e vinham três camionetas com passageiros para aqui para o Monte Frio. Em 1987, também o meu filho foi mordomo. Até foi o ano que foi posto o coreto. Eu é que trabalhei para aquilo estar ali. Quer dizer, o terraço por baixo já estava, mas o chapéu por cima fui eu. Muitas vezes fui a Arganil por causa disso. O coreto era para a música estar à sombra. Tem bancos em pedra em toda a volta, mas depois não chegavam e punham-se uns bancos em madeira. E dançavam ao toque da filarmónica. Eu não dançava como deve ser. Não sabia as músicas para ir dançar e dava-me tonturas. É que caía mesmo, se não me amparassem.

Todas as festas tinham um leilão. Então eram fogaças e algumas já valiam aí 20 e tal contos, naquele tempo. Vinham mulheres com as fogaças à cabeça. Depois faziam a venda das fogaças e leiloavam também garrafas e essas coisas todas. Os mordomos e às vezes uma pessoa ou outra ofereciam também uma fogaça.