Um Natal cheio de alegria

Um gajo aqui, às vezes, quando era pelo Natal é que íamos fazer as nossas paródias. Íamos ordenhar as cabras e comíamos ali com pão. Depois os donos a berrar que não tínhamos que ordenhar as cabras. Agora só fazem os cepos a queimar aqui. Se fazem mais alguma coisa não sei, não estou cá. É como a gente na Dreia também fazemos os cepos, caldo verde, chouriças e comemos. Agora aqui não sei. Outras vezes íamos assar bacalhau e fazer umas tibornadas. Ah tempo do caneco! Quem me dera desse tempo. Não é como agora, não há cá ninguém. Naquele tempo, as raparigas tinham muitos homens para escolher e eles muitas raparigas.

Havia dois ranchos. Era o do Manjerico e do Benfica. Ranchos grandes. E despiques que faziam pelo Carnaval. Eu dançava mas ia-me embora. A minha mulher é que era do Rancho do Benfica. Em primeiro era mulheres só. Mas agora era constituído por mocidade nova e era uma alegria que tínhamos aqui nesta terra. Iam também a Lisboa, à Casa da Comarca, iam para as festas. Ainda hoje cantam isso, mas agora acabou tudo.